Há cerca de três anos, Audilaine Metellus embarcou rumo a uma vida nova. Após despedir-se de sua terra natal, o Haiti, pousou na Guiana – país cuja fronteira cruzou, chegando ao Brasil. Seguiu, então, de ônibus e sozinha, do Acre para São Paulo.
Acolhida por conterrâneos, assim como ela, refugiados, optou por instalar-se no Rio de Janeiro. “Não gosto de frio! Aqui é calor e bom para se viver”, justificou aos educandos matriculados no 9º Ano do Ensino Fundamental do Colégio Notre Dame Recreio, com quem encontrou-se na quinta-feira (06).
O bate-papo, no qual a imigrante compartilhou com os adolescentes relatos de sua vida, complementou, como explica o educador William Praia, o estudo sobre a “Migração na Era da Globalização” – conteúdo da disciplina de Geografia. “Em sala de aula, os estudantes aprenderam sobre as migrações: que podem ser espontâneas ou forçadas e podem decorrer de motivos econômicos, sociais ou por conta de desastres naturais. Então, eles tiveram a oportunidade de entrar em contato com as especifidades de uma história real”, afirma.
Para isso, além de ouvir atentamente às narrativas – contadas por Audilaine em um Português simples, mas de fácil compreensão -, os educandos questionaram-na sobre as causas da imigração e sobre a vida no seu país de origem.
Segundo ela, a falta de oportunidades de trabalho motivou-a a deixar o Haiti. “Aqui, consegui trabalho e posso mandar dinheiro para a minha família, que ficou por lá”, contou, explicando que a escolha pelo Brasil também foi motivada pela receptividade do governo para com o refugiados.
Após questionamento da docente de Língua Portuguesa, Tatiana dos Santos Porto, a convidada esclareceu que o terremoto de 2010 – que teve grande impacto social e político sobre o país – não chegou a afetar diretamente sua vida e a influenciar sua decisão por migrar, já que vivia longe de Porto Princípe – capital do Haiti e cidade próxima ao epicentro do fenômeno.